sexta-feira, 5 de abril de 2013

Capitulo 6 (parte V)


Olá!

Bem, antes de tudo, DESCULPEM PELA IMENSA DEMORA EM POSTAR! Vocês mereciam que vos tivesse dito algo, mas, sinceramente não tenho andado com muita paciência, para além de que tenho andado com uns problemas em casa, e a inspiração também não tem sido muita :c Desculpem!

Mas bom, aqui está mais um capitulo! Não é muito grande, mas foi o que consegui! Espero que gostem e que não tenham desistido da fic!

Beijinhos*, espero os vossos comentários! :D

Mónica
(Catarina)

Nos primeiros minutos depois de o Tomás me ter deixado no Fórum, uma ansiosidade mínima atormentou o meu sistema. O encontro dele com o pai deixava-me nervosa. Pelo que sabia, tal homem não era ‘’flor que se cheirasse’’, e eu não queria ver o Tomás sofrer por causa de tal individuo. Mas entretanto tal assunto foi tomando apenas um recanto no meu pensamento, deixando-me ficar menos receosa naquele tempo que despenderia sozinha pelo Fórum. Acabei por encontrar amigos e amigas minhas e dispensar parte do meu tempo com eles, mas depois tomámos caminhos diferentes. Fiz menos demoradamente o que tinha de fazer e por último aproveitei e fui vendo diversas coisas para que pudesse ter uma ideia já para o presente de aniversário do Tomás. Pouco depois, após receber uma mensagem do Tomás a informar que já se encontrava no Fórum, fui ter com ele. Ele esboçou um sorriso e recebeu-me com um beijo, porém julguei sentir certa tensão na sua forma de estar.

-Então, como é que correu? – acabei por perguntar, receosamente, após sairmos da bilheteira, seguindo uma espera  de quarenta e cinco minutos para a nossa sessão.

-Mal, claro. Ele foi um estúpido e interesseiro como sempre. Nem sei para que é que me dei ao trabalho.

-O que é que ele queria, afinal?

O Tomás acabou por contar-me o que se tinha sucedido naquele espaço de tempo. Já não era nada que ele já não esperasse, porém, era deplorável que, após tanto tempo sem um confronto cara-a-cara, o primeiro após tanto tempo fosse com a futilidade que fosse. Porém, apesar do mau encontro, as suas palavras finais com o pai, aquelas que tratavam de mencionar o meu nome e explicitar o conhecimento que cada um detinha acerca da palavra e dos sentimentos derivados e designados de amor, haviam trazido um sorriso meio desajeitado, mas doce, aos meus lábios.

-Porque é que estás a sorrir? – perguntou-me, passivamente, após terminar o relato dos acontecimentos.

-A última parte da conversa com o teu pai… Disseste coisas tão lindas… - sorri novamente.

-Podem ser lindas, mas o que mais importa é que são verdadeiras – rematou, sorrindo também. Aproximei-me dele e presentei-o com um longo e carinhoso beijo, ainda movido pela comoção causada pelas suas palavras

-E em relação à tal Margarida, não vais mesmo conhecê-la?

-Se o fizesse ia estar a fazer o favor ao meu pai!

-Pois…

-Bom, mas já chega deste assunto, por favor! Vamos andando para o cinema? Compramos já as pipocas e assim, já falta pouco para a nossa sessão! – sugeriu, levantando-se.

-Sim, vamos! – concordei, tomando-lhe o gesto.

Após o filme regressámos a casa do Tomás. Quando lá chegámos não encontrámos a D. Francisca, em vez disso, estava um bilhete em cima da cama dele, direcionado a nós.

Tomás e Catarina, A D.Alice pediu-me que ficasse com as meninas, por isso passarei a noite lá em casa. Mas deixo-vos o jantar no forno. Tomás, tens o dinheiro para a senha de almoço no sítio do costume. Boa noite, e juízo!

Beijinhos mãe/ Francisca

-E pronto, mais uma noite por nossa conta! – sorriu, colocando o bilhete em cima da secretária.

-Oh, coitada da tua mãe, trabalhar a noite inteira a tomar conta de duas pestes!

-Ela já está habituada. Para além de que elas com a minha mãe portam-se bem!

-Mesmo assim, trabalhar a noite inteira…

-Sim, mas vá, agora vamos jantar porque estou cheio de fome!

Descemos até à cozinha e servimo-nos do delicioso lombo que a D. Francisca nos tinha deixado. Depois de jantarmos e lavarmos a loiça ficámos na sala a ver televisão.

-Apetece-me desenhar – desabafou.

-A estas horas?

-Oh, sabes que não escolho a altura.

-Pronto, sim, eu sei. Mas então olha, se te apetece, vai desenhar!

-Mas eu quero desenhar-te a ti!

-Outra vez? Não te cansas!

-Não, não canso! Vá lá! – pediu.

-Está bem, pronto! – cedi.

Subimos até ao seu atelier e ele preparou as coisas, mas depois desistiu e ficou-se pelo seu bloco e o lápis de carvão. Indicou-me mais ou menos como queria que eu me posicionasse e depois começou a traçar.

-Oh Tomás – chamei..

-Diz – respondeu, fazendo a sua voz soar ainda submersa na concentração inquebrável que pairava no seu semblante. Olhei-o e pareceu-me ainda mais belo do que há alguns minutos atrás.

-Esta parede podia estar mais colorida – disse, apontando a parede preta. – Sei lá, podias fazer a mesma coisa que já está nas pontas, mas na parede toda.

-Por acaso… - concordou, elevando finalmente a cabeça para me olhar, após me ter ouvido atentamente.

-Eu acho que ficava giro. E ficava mais alegre!

-Sim, concordo contigo – afirmou, pousando o bloco e o lápis no chão, erguendo-se em seguida. Foi até ao cantinho onde se encontravam as tintas e as telas e voltou para junto de mim com baldes de tintas. – Ajudas-me a trazê-las para aqui? – pediu, indicando com a cabeça o local de onde acabara de sair.

-Ajudo! – acedi, levantando-me logo de seguida. Depois de todas as tintas se encontrarem junto da parede ele foi buscar jornais, que estendeu sobre o chão para que este não se sujasse.

-Toma! – disse-me, estendendo-me um pincel. – Tenta fazer parecido com o que já está! – pediu.

Abrimos todos os baldes de tintas e começamos a pintar. Consegui fazer o que ele me tinha pedido, mas de repente aconteceu algo que me impossibilitou de continuar.

-Tomás – ele olhou para mim. – O pincel caiu para dentro do balde… - Ele deu ma gargalhada.

-E agora, o que é que queres que eu faça? – disse, entre risos.

-Oh pá, não gozes!

-Não, mas a sério, o que é que queres que eu faça? – perguntou ainda com um breve sorriso no rosto.

-Como é que vou pintar, agora?

-Olha, com as mãos também dá! – riu.

-Com as mãos?

-Sim – respondeu enquanto pousava o pincel em cima dos jornais. Em seguida mergulhou a ponta dos dedos num dos baldes, e eu cheguei-me mais atrás, não fosse ele ter ideias. – Tens medo de te sujar, é? – perguntou, olhando-me de forma desafiadora.

-Não, mas…

-Então pronto! – sorriu, tocando rapidamente no meu nariz, deixando aí uma marca de tinta. – Podes começar a sujar as mãos, se não tens problemas! – riu.
 

-Não precisavas de me sujar! – tentei parecer chateada.

-Oh, ficaste chateada, foi? – riu, brincando.

-Fiquei! –alinhei, colocando desta vez uma marca de tinta na sua cara.

-Ainda bem, porque eu fiquei mais! Não te vou largar enquanto não estiveres igual à parede! – riu, estendendo novamente a mão para me sujar outra vez. E depois começamos a correr um atrás do outro, sujando-nos cada vez mais, esquecendo a parede.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Capitulo 6 (parte IV)


Olá a todos/as!

Queria pedir-vos imensas desculpas pela enorme demora em postar, mas tenho andado extremamente ocupada, e tenho tido uns problemas em casa, e portanto a paciência para escrever não tem sido muita, apesar de vocês merecerem… Desculpem!

Mas bom, aqui está um novo capitulo! Sei que esperavam por este encontro, principalmente a minha Fii, por isso aqui está ele! Desculpem não estar muito grande, mas foi o que consegui escrever! Espero que gostem e deixem os vossos comentários!

 

Beijinhos*

Mónica

(tomás)

Depois de também a Catarina ter trocado dois saudosos e agradáveis beijos no rosto com a minha mãe, saímos de casa, subindo para a minha mota, veículo onde já nos deslocávamos minutos depois. E desta vez a viagem foi diferente. O corpo da Catarina colava-se ao meu, mas não tão aflitivamente. Encostava-se agora apenas pelo prazer da troca de calor e pela sensação causada, no interior de ambos, um carinho e afeto necessários. A força afrouxara decididamente. Agora mantinha-se com a mínima intensidade, pretendendo apenas estabelecer equilíbrio e a segurança necessária de modo a não cair da mota. Assim que chegámos ela saiu da mota com a maior calma e sem evidenciar o habitual desequilíbrio apos uma viagem de mota. Retirou o capacete, assim como eu, deixando os seus cabelos se libertarem num ar menos comprimido.

-Obrigada – agradeceu com um sorriso.

-Obrigado não fui, mas depois falamos. E já agora, acho que preferia quando quase me tiravas o ar, quando andávamos de mota. Agora mal te encostas a mim – brinquei.

-Oh. Olha, até foste tu que ajudaste para isso!

-Sim, pronto, tens razão – segurei a sua mão, puxando para mais perto de mim, envolvendo em seguida a sua cintura com o meu braço, roubando-lhe um beijo posteriormente. – Quando eu cá estiver, aviso-te.

-Está bem. E, boa sorte – desejou.

-Pois, sim.

Trocámos novamente um beijo e depois voltei a colocar o capacete tomando rumo até ao Cais do Sodré.

Assim que cheguei à esplanada que havia sido determinada como o ponto de encontro, não me foi em nada difícil encontrar quem procurava. Ali estava ele, um típico empresário que nem para um encontro com o filho despe a sua farda. De fato, óbvio. Para quê trocar de roupa se vou apenas conversar com o jovem Tomás, para além de que quando sair daqui vou a correr para uma reunião muito importante, ou vou ter com a minha querida secretária, com a qual passo mais tempo do que com a minha própria noiva, que outrora também fora secretária, aquela por quem troquei a minha primeira mulher. Tudo isto é mais importante do que ele. Sempre foi, não era agora que ia mudar. Agora só conseguia ser irónico. Estes pensamentos, que eu assumia como algo que provavelmente lhe passavam a ele pela cabeça, só me fazia surgir um sorriso irónico repleto de mágoa no rosto. Bom, mas pelo menos havia um aspeto positivo: era pontual. Surgi à sua frente, sem uma única palavra e sem me sentar. Ele ergueu o seu olhar sobre mim.

-Tomás?

Óbvio! Era óbvio que ele não era capaz de me reconhecer!

-Sim, sou eu – indaguei, tentando conter-me ao máximo para não dizer mais do que não devia e ir-me embora.

-Senta-te – disse-me, apontando a cadeira que se encontrava à sua frente. Pousei o capacete em cima da mesa e puxei a cadeira para trás, sentando-me. – Estás tão grande, já estás um homem! Que idade é que já tens? Já deves ter uns…

-Tenho 17, faço os 18 em Agosto – interrompi-o, tentando findar aquela conversa de suposto carisma paternal, que me irritava profundamente, visto ter conhecimento do seu não-interesse em mim e em acompanhar o meu crescimento.

-Ah, pois, em Agosto, sim. – Olhou de relance o meu capacete. – Vejo que estás a dar uso à mota que te dei, muito bem. – Não dei seguimento à conversa, cingindo-me ao silêncio. – Bom, já vi que não estás muito disposto a conversar, por isso é melhor ir diretamente ao assunto que me trouxe aqui – constatou.

-Também acho – indaguei, vinculando que conversar com ele não era algo que me predispunha a fazer.

-Bom, eu sei que não sou o melhor exemplo de um pai, sei que não tenho estado presente na tua vida, mas eu gostava de mudar isso. Eu quero partilhar mais tempo contigo, quero conhecer-te.

-E isso tudo deve-se a quê, agora? Porque é que depois destes anos todos que passou sem me ver, agora, de repente, se quer aproximar de mim?

-Porque és meu filho. Já te disse, quero conhecer melhor o meu filho, passar mais tempo com ele…

-Ai sou seu filho? Agora é que sou seu filho?! Nunca deveria ter deixado de ser! Apesar da distância, apesar da má relação que passou a ter com a mãe e até mesmo com todo o tempo que o seu trabalho lhe ocupa, nunca me devia ter colocado para trás na sua vida! Mas não! Não viver perto de mim é uma desculpa, a sua carreira, por muito que trabalhe, também é uma desculpa! Sempre pôs tudo à minha frente!

-Tomás, sabes que as coisas não são assim! Então e os presentes que sempre te dei? É claro que eu nunca me esqueci de ti, mas não tinha rigorosamente tempo nenhum!

-Os presentes não me tiram a sua ausência. E vai dizer-me que durante estes cinco anos não arranjou uma misera hora para estar comigo? Desculpe lá, mas não acredito. Assim como não creio realmente que esteja verdadeiramente interessado em reaver essa ligação que para mim nunca pareceu existir verdadeiramente.

-Mas estou.

-Mas eu não acredito.

-Bom, vou fazer de conta que não ouvi isso… - ao ouvir estas palavras ergui a sobrancelha notoriamente. Fazer de conta que não ouviu aquilo? -  Eu disse que não te ia oferecer nenhum presente desta vez, e na verdade não se lhe pode chamar um presente. Eu gostava que conhecesses uma pessoa.

-Quem, a sua nova secretária? – questionei, deixando a ironia amarga envolver as minha palavras.

-Tomás… - tentou um advertimento, que eu apenas travei com um novo erguer de sobrancelha, firmando que o assunto não estava disposto por mim a ser discutido, trazendo-me uma razão inquestionável no final da mesma, caso se sucedesse. – Bom, não. Eu quero que conheças a Margarida. Ela é uma rapariga muito bonita, tem uns olhos verdes muito bonitos, e tem a tua idade, já para não mencionar que é muito simpática.

-E de qual dos seus amigos empresários é que ela é filha? – questionei, num ato de pura consciência da pontaria que tinha feito com tal pergunta.

-Tomás, não…

-Oh senhor! O que me falta agora é paciência, por isso não me tente engrupir que não resulta! – exasperei, cansado das suas tentativas para contornar e disfarçar os assuntos.

-Álvaro Silves – acabou por responder. – Mas não é essa a questão.

-Porra, você é mesmo burro ou só se faz? Já lhe disse que não adianta andar às voltas para me tentar ocultar coisas que eu já sei! – Ele teria ripostado alguma coisa, mas eu não permiti, prosseguindo com a minha palavra. – Seja como for, eu não quero conhecê-la. Não preciso que me arranje namorada, eu já tenho uma – proclamei, com a intenção indireta de dizer-lhe que já tinha a dona do meu coração comigo e que quaisquer que fossem as suas intenções, não teriam nem sinal de partida.

-Bom, mas certamente que essa tua namorada não é tão bonita quanto a Margarida, nem tem as suas esplêndidas qualidades, não esquecendo que a Margarida seria mais um ponto de ligação entre nós, visto que agora pretendo estar mais presente no teu dia-a-dia – proferiu com desdém, mas também certa altivez na voz.

-Já lhe disse que não. E veja lá como é que fala. É que se tenciona continuar a sobrepor a Margarida à rapariga que eu amo, sem nem a conhecer, acho que me posso ir embora.

-Tu sabes lá o que é amar, Tomás!

-Sei-o melhor do que você, com certeza! – afirmei, não deixando hipótese para que ele se defendesse de algo do qual não havia defesa possível. – Sei melhor o significado de amar do que você, que traiu a minha mãe e continua a cometer o mesmo delito, sem remorsos, mas pior, sem respeito pelas mulheres que pretendem despender o resto das suas vidas consigo, e acabam abandonadas, na amargura e no descrer do amor em que as deixou!

-Pareces um poeta a falar! – disse, tentando terminar o assunto com uma espécie de elogio que não surtiria efeito algum em mim.

-Não sou poeta, sou um homem que sabe respeitar as mulheres, principalmente aquelas a quem devoto o meu coração. Sei mais do que você o significado da palavra amor. Desde que estou com a Catarina que já não me vejo sem ela, eu amo aquela rapariga como nunca amei mais nenhuma. Ela fascina-me a cada segundo, apaixono-me por ela. Você não sente nem metade do que o que eu sinto pela Catarina, por essas mulheres com quem fica. Nem vale a pena explicar-lhe. Você não ia compreender – respondi, baixando o olhar ao terminar, pois desolava-me o facto de existir um único homem que não soubesse valorizar uma mulher.

-Podemos acabar com as acusações? Queria mesmo que a conhecesses.

-Olhe, esqueça, não vale a pena – levantei-me da mesa, preparado para me ir embora. – Desculpe lá se não alcançou o seu objetivo de me juntar com a filha do grande empresário com quem pretende fechar negócio, mas sabe, quem ama cuida, e eu tenho muito que cuidar.

-Tomás, promete-me então que vais apenas pensar. Ela é realmente uma rapariga bonita e simpática, vocês iam dar-se bem.

Assim que ele acabou de falar eu peguei no meu capacete e virei costas, seguindo até à minha mota. Aquela conversa de amistosa só tinha tido a contensão no tom de voz, porque as palavras tinham acendido a fogueira. Eu não queria aquele homem na minha vida. Agora já não precisava dele.

 

Como será a partir de agora? Voltarão a quebrar o contacto novamente?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Capitulo 6 (parte III)


Olá!

Deixo-vos aqui mais um capitulo, espero que gostem e deixem os vossos comentários! :D

Beijinhos*

Mónica

 

(catarina)

-Mas para que é que se quer encontrar comigo? Se tenciona propor-me uma associação a qualquer um dos seus negócios ou se pretende que façamos um acordo para que eu dê continuidade aos negócios da família, pode desistir já - proferiu, conotando-se uma vaga de escárnio nas suas palavras.

-Lá estás tu a ser mal-educado novamente! Caramba, será que podes dar-me uma oportunidade que seja? - O Tomás suspirou pesadamente, enquanto equacionava silenciosamente uma resposta.

-Está bem. Mas que fique claro que é a única que lhe vou atribuir, e que a mesma não significa que vou passar a tratá-lo de outra forma. Eu trato-o como você merece.

-Muito bem, às 11.00h, no Cais do Sodré, o que me dizes? Bem, na verdade, é a única hora que tenho disponível para falar contigo, por isso…

-Lá estarei.

-Então estamos combinados! Até amanhã.

-Adeus. – respondeu rapidamente, desligando logo em seguida. Decidi não pronunciar uma palavra acerca do assunto, de modo a não deixar que o Tomás ficasse de mau humor.

Passámos a tarde entretidos com diversas coisas, chegando assim à hora de o Tomás fazer o jantar.

-Pois é, é melhor ir fazer o jantar! – concordou após eu lhe ter relembrado que havia prometido a tal refeição, fornecendo assim uma folga à D. Francisca, que havia aproveitado para se encontrar com uma amiga.

-Eu ajudo-te! – ofereci-me, saltando da cama e acompanhando-o até ao andar inferior. Ajudei-o a cortar os legumes, e enquanto colocávamos tudo na forma e anunciei que esperava um bom resultado daquilo. Depois disso fomos lavar a loiça que havíamos  sujado na preparação do jantar, e por pouca sorte mim, ou infeliz ideia do Tomás, acabei por me molhar.
 
Ele começou a rir-se que nem um perdido, o que me levou a rir também, apesar de ter a t-shirt completamente encharcada. Entretanto o jantar ficou pronto, e enquanto eu fui trocar de camisola ele colocou a mesa. A D. Francisca chegou quando eu comecei a descer as escadas.

-Olá meninos! – cumprimentou-nos.

-Olá mãe!

-Olá.

-Então, ficaram bem cá, os dois sozinhos? – perguntou sorrindo, enquanto pousava a sua mala e o seu casaco no sofá.

-Nós os dois ficámos… - respondeu o Tomás, reticentemente, algo que não passou despercebido à sua mãe, no entanto não insistiu no assunto.

-Então e esse jantar? – perguntou.

-Podem ir sentar-se que eu vou busca-lo – respondeu o Tomás. Poucos segundos depois surgiu com o jantar, que pousou na mesa, servindo-nos a todos antes de se sentar. – Mãe, o pai ligou-me – disse ele, segurando os talheres.

-Ligou? – perguntou a D. Francisca, derramando toda a sua surpresa na voz.

-Ligou. Eu vou encontrar-me com ele, amanhã de manhã. Mas descansa, ele não me vai dar a volta. Sabes que não consegue.

-Eu sei, Tomás, eu confio em ti e conheço-te acima de tudo e todos – tranquilizou-o com um delicado sorriso.

O ambiente rapidamente passou de pesado a muito descontraído, e no final da refeição as gargalhadas imperavam à mesa. Depois de jantar eu e o Tomás levantámos a mesa e lavámos a loiça e depois juntámo-nos à D. Francisca no sofá da sala. Eram cerca das 23.00h quando para o quarto. Depois de lavarmos os dentes e vestirmos os pijamas deitámo-nos.

-Vais mesmo ter com o teu pai, amanhã? – perguntei, abraçando-o e encostando-me ao seu peito.

-Vou. Eu disse que ia e vou, eu cumpro a minha palavra, não sou como aquele homem – respondeu, fazendo festas no meu cabelo.

-Um homem de palavra, é assim que eu gosto! – ri. Ele deu uma pequena gargalhada também.

-Então agora ouve com atenção – elevei-me um pouco de modo a olhá-lo. – Eu vou fazer-te a rapariga mais feliz do mundo. Vou fazer tudo por tudo para isso! Juro! – sorriu. Abri-me num imenso sorriso.

-Então ouve tu uma coisa: tu já me fazes muito feliz! – respondi, colando levemente os meus lábios aos dele.

-Bom, vamos dormir que amanhã ainda quero ter tempo de manhãzinha para te chatear um bocadinho!

-Ah, pois, chatear-me…

-Sim, chatear-te. Do tipo, acordar-te com montes de beijinhos. E ver o teu sorriso logo depois de te acordar…

-Hm, então sendo assim acho que te deixo chatear-me… - sorri.

-Mesmo se tu dissesses que não deixavas eu chateava-te na mesma! – respondeu, roubando-me um beijo rápido.

-Vá, vamos dormir!

Aconcheguei-me novamente ao seu peito, sentindo em seguida os seus braços a envolver-me.


(Tomás)

Acordei cedo. Não conseguia dormir mais. Levantei-me, deixando a Catarina ainda a dormir, e fui à casa-de-banho. Não queria, mas mesmo assim uns nervos miudinhos apareceram dentro de mim. Deixava-me nervoso o facto de ir ver o meu pai, pessoalmente, depois de uns cinco anos sem tal se suceder, e este súbito interesse dele em querer encontrar-se comigo arrancava desconfiança para os meus pensamentos. Por mais que pensasse não conseguia encontrar uma resposta que se adequasse a tal comportamento por parte dele. Voltei ao quarto, e a única coisa que se havia alterado era simplesmente a posição da Catarina na cama. Sentei-me na cama e fiquei a olhá-la. A beleza natural do seu sono profundo conseguia acalmar-me, mas também conseguia soltar um fascínio no meu íntimo. Aquela rapariga era, definitiva e incontestavelmente a dona do meu coração. Ao observar os seus traços a arte gritou-me através dos mesmos. Não consegui resistir. Fui buscar o meu bloco e rapidamente comecei a delinear suavemente com o carvão sobre o papel os traços latejantes de beleza pura e genuína do seu rosto. Estava já quase a terminar quando ela abriu os olhos.

-O que é que estás a fazer? – perguntou-me, ainda com uma voz ensonada.

-Espera aí que já te mostro. Não te mexas, por favor. – Ela acedeu ao meu pedido e poucos segundos depois terminei todos os traços. – Já podes, anda cá ver.

Ela levantou-se e segurou o bloco que lhe passei para as mãos.

-Está lindo – sorriu.

-Porque és tu – retorqui com um sorriso também.

-Oh. Não te cansas de me desenhar?

-Nem um bocadinho. – Ela respondeu-me com um sorriso sincero e um pequeno beijo. – Bem, eu tenho de me ir despachar. Mas tu podes ficar a dormir mais um bocadinho.

-Daqui a nada também vou levantar-me.

-Está bem. Bem, eu vou-me vestir para a casa-de-banho – disse, pegando na minha roupa.

-Tomás – chamou-me. Virei-me para ela, já junto da porta do quarto.

-Sim? – Ela olhou-me uns segundos.

-Nada. Esquece – acabou por pronunciar, no entanto notei-lhe no rosto a diferença entre as suas palavras e a expressão que se fazia denotar no seu semblante.

-Está bem… - proferi, dirigindo-me então à casa-de-banho. Quando regressei ao quarto ela também já se encontrava vestida.

-Tomás, ainda tens tempo de me levar ao Fórum? Queria ir lá ver umas coisas, e saiu ontem um filme que eu queria ir ver.

-Claro que tenho. Mas em relação ao filme, achas que consegues aguentar e esperar por mim para ir vê-lo contigo? Eu não vou demorar. E assim almoçávamos por lá e íamos os dois ver o filme, o que é que dizes?

-Que sim! – sorriu, agarrando em seguida a sua mala e um leve casaco, que colocou entre as alças da mala que transportava no ombro. Eu agarrei nas minhas chaves, no telemóvel e nos dois capacetes e descemos ao encontro da minha mãe, que permanecia concentrada na procura de alguma coisa, na sala.

-Mãe, eu vou indo, e levo a Catarina, ela precisa de ir ao Fórum fazer umas coisas. Nós depois almoçamos por lá e vamos ver um filme, por isso só devemos chegar por volta das cinco e meia, seis da tarde, está bem?

-Sim, não se preocupem, eu também ando um bocadinho ocupada, por isso nem vou sentir tanto a vossa ausência. Vão lá e divirtam-se! – respondeu, ignorando mais que eu o facto de que dentro de poucos minutos travaria um encontro com o homem que por pura ligação sanguínea se declarava meu pai perante a lei do Estado, e a própria lei da Natureza. Fui até junto da minha mãe, cuja mulher eu me orgulhava ferozmente de poder e ter de levar a vida como minha mãe, aquele ser esplendoroso, guerrilheiro e doce, que eu amava interminavelmente, e dei-lhe um delicado beijo na testa.

-Até logo, mãe. E não te preocupes que vai correr tudo bem.

-Eu sei filho, eu sei – retorquiu-me, confiante. Depois de também a Catarina ter trocado dois saudosos e agradáveis beijos no rosto com a minha mãe, saímos de casa, subindo para a minha mota, veículo onde já nos deslocávamos minutos depois.

 

Como correrá este encontro? Será o pai do Tomás capaz de ser sincero e bem-intencionado desta vez para com o seu filho?

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Resultados da Sondagem

Bem, a sondagem que estava a decorrer já terminou e agradeço a todos os que votaram! A resposta já quase se adivinhava desde o inicio da sondagem, e por isso, aterei o fundo. A Fii, do blog ''my cute world'' ajudou-me - obrigada princesa! :D - e por isso aqui está o novo fundo. Espero que gostem, e já sabem, se tiverem alguma coisa a dizer, deixem o vosso comentário neste post! :)

Beijinhos*
Mónica

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Capitulo 6 (parte II)

Olá!
Fica aqui mais um capitulo, pequenino, mas vou ver se consigo escrever o próximo maior!
Espero que gostem e deixem as vossas opiniões! :D

Beijinhos*
Mónica


(Catarina)

Quando a mãe do Tomás surgiu no atelier, sobrepondo a sua presença ao beijo que dávamos, não me senti envergonhada nem atrapalhada, contrariamente a interrupções anteriores de momentos semelhantes a este. Não sei, acho que já começava a sentir-me como que em família. A D. Francisca sempre se mostrou acolhedora e muito simpática comigo, deixando-me sempre à vontade, e por isso mesmo, talvez, já não sentisse tal embaraço. Durante o almoço o Tomás informou que faria o tão aguardado e prometido empadão de vegetais para o jantar, deixando-me realmente curiosa para que a hora de jantar chegasse. Após terminarmos a refeição fui até à casa-de-banho, e quando regressei a junto deles, ambos sorriam de uma forma grandiosa.

-Meninos, vão-se lá embora que eu acabo de arrumar a cozinha! – disse-nos a D. Francisca.

-Oh mãe, outra vez? Nunca nos deixas ajudar-te! – reclamou o Tomás.

-Não és tu que fazes o jantar hoje? Então aí vais ter a tua oportunidade de sujar e limpar tudo!

-Está bem, pronto, não vai adiantar de nada eu tentar outra vez! – resignou-se ele.

-Vá, subam lá, vão passear, vão namorar, vão fazer o que quiserem! – sorriu-nos. O Tomás pegou na minha mão e encaminhou-nos de regresso ao andar superior, levando-nos ao seu quarto. Sentei-me na sua cama enquanto ele se sentou na cadeira em frente da secretária, entretendo-se no computador ao mesmo tempo que conversávamos.

-Eish, esquecemo-nos! – exclamou com uma pequena expressão de desagrado na face.

-Esquecemo-nos do quê? – perguntei, não compreendendo do que se tratava.

-Do vídeo. Não chegaste a cantar outra vez para gravar-mos e pormos no Facebook!

-Ah, isso! Eu tinha dito que não.

-Porquê? Estás com medo que depois não te larguem por teres uma voz linda como a tua? – sorriu.


-Não, não é, simplesmente não quero pôr nenhum vídeo desses na internet.

-Porquê? Com essa voz devias! Toda a gente ia gostar!

-Oh, pois, mas eu não quero.

-Está bem, pronto… - resignou-se, ou pelo menos assim o pareceu.

-E o que é que tu estás aí a fazer? – perguntei, levantando-me da cama e indo até junto dele.

-A ver as fotografias que tiramos hoje!

-Deixa-me ver também!

-Então vou pôr do principio.

Deixei-me ficar de pé, ao seu lado, enquanto víamos as fotografias que estavam realmente bonitas.

-Estão lindas! – sorri.

-Ah, afinal gostaste!

-Oh, gostei, sim.

De repente o telemóvel dele começou a tocar, em cima da secretária. Olhei para o mesmo e reparei em algo que me era desconhecido. Uma fotografia. Do pequeno momento que a mãe dele interrompera no atelier. Estava linda, não vou negar, mas ele tinha-a tirado sem que eu soubesse, mesmo depois de eu lhe ter dito que não queria tirar mais fotografias. Ambos olhávamos para o ecrã do telemóvel, onde o sinal de ‘’a chamar’’ se sobrepunha levemente à tal fotografia, e olhámos depois um para o outro, ao mesmo tempo, no entanto com olhares distintos. Eu olhei-o de forma algo censuradora enquanto ele me levou um olhar divertido, conjugado com o seu sorriso no mesmo tom.
 

                                                    

-Estou Tiago! – atendeu ainda com o sorriso a ressoar-lhe na voz. Após escassos minutos de conversa a chamada deu-se por terminada.

-Tomás – chamei firmemente, fazendo-o levar o olhar novamente até ao meu.

-Sim? – vociferou, arqueando os seus lábios num pequeno mas triunfante sorriso.

-Porque é que tiraste essa fotografia?

-Está linda, não está? – sorriu, não me oferecendo qualquer resposta.

-Ouviste o que eu disse?

-Ouvi, mas está linda, não está?

-Oh Tomás, eu fiz-te uma pergunta!

-Sim, e eu também!

-Estás a gozar comigo, oh? – reclamei, no entanto mostrei um pequeno sorriso. Joguei as mão na sua direção, no entanto ele antecedeu os meus movimentos, juntando as suas mãos às minhas, ao entrelaçar os nossos dedos.
-Diz lá! – riu, enquanto sustentava as minhas investidas de diminuir a distância entre a união das nossas mãos e o seu peito, que eu pretendia atingir de algum modo, causando-lhe uma ligeira dor, pois detestava que ele fizesse pirraça comigo daquela maneira.

-Para de gozar comigo, Tomás! – resmunguei, porém o sorriso que me assombrava o rosto não se escondia mais.

-Mas a sério, diz lá, não está linda? – riu.

-Para! – protestei, no entanto o protesto já não detinha a sua suplica inicial, pois agora eu já me perdia em risos. Com um simples e rápido gesto com os braços fez-me rodopiar e só parar sentada no seu colo.
-Vais-me dizer que não está bonita? – insistiu com um sorriso a percorrer-lhe os lábios.

-Está bem, pronto, sim, está bonita, mas tinhas dito que não tiravas mais fotografias!

-Oh, para lá de ser resmungona, que eu sei que tu até gostas destas coisas! – voltou a sorrir. Sorri-lhe da mesma forma. Ele colocou um dos seus polegares junto da minha face, acariciando-a, para de seguida fazer o meu rosto descer levemente para fazer reencontrar os nossos lábios. Senti os meus lábios, levemente secos, tomarem a humidade recorrente dos seus, leves mas audaciosos lábios. Matou-lhes a sede que haviam tido e afogou-os ainda num oceano extraordinário e cheio de sonhos ainda não proferidos, que constavam em cada milímetro da pele dos seus lábios. A insanidade ameaçava visitar-nos, pois os nossos lábios já não trocavam algo acolhedor, mas sim algo bem perto da selvajaria de um beijo descontrolado.
 O entanto, tamanha ferocidade foi interrompida pelo soar de uma nova chamada que se dirigia ao número do Tomás.

-Fogo… - reclamou o detentor do número, observando quem o tentava contactar. A sua postura alterara-se. Apesar de me envolver ainda com um dos seus braços enquanto o outro detinha o telemóvel que tocava insistentemente, o seu rosto, juntamente com o seu ânimo, tomaram modos pesados. – Estou.

Pela proximidade do meu corpo do seu foi-me percetível a voz do outro lado da linha.

-Olá Tomás! – vociferou uma voz algo carismática mas recheada de um falso entusiasmo vagamente percetível aos meus ouvidos.

-Olá – respondeu-lhe o Tomás, de mau grado.

-Ainda não percebi porque é que continuas a falar-me nesse tom, e muito menos a razão pela qual não me tratas por pai! – ressuou novamente uma cantada desafinada acentuada pela real falta de preocupação e a falsidade.

-Pelo simples facto de você não me tratar como seu filho! – respondeu-lhe o Tomás, encarando sempre o mesmo tom de desagrado e insatisfação por ter até iniciado aquela conversa com tal sujeito.

-Tomás, não sejas rude! Sabes que gosto muito de ti, ou os presentes que te dou não te ajudam a perceber isso?

Oh meu Deus, como aquele tom, aquela voz me irritavam tão prematuramente! Tons fingidos, assim como emoções, ajustando-se assim também a falsas acusações projetadas de forma indireta e irregular!

-Não, o que esses presentes que me dá me fazem perceber é o seu egoísmo, despreocupação e futilidade. Para si eu sou como um estranho, ou algum desses seus amigos empresários a quem você dirige a palavra por interesse.

-Bom, eu não te liguei para ouvir acusações, até porque tenho coisas a fazer, por isso vou direto ao assunto que me levou a ligar-te.

-É claro que tem coisas a fazer… - sussurrou o Tomás.

-Sabes que o meu trabalho não me dá descanso.

-Claro, sim… - ironizou, seguindo-se um sussurro ainda mais leve que o anterior, impedindo o outro interlocutor de ouvi-lo. – Só tinha tempo de sobra quando ainda estava com a mãe, para ir ter com a sua secretária…

-Bem, desta vez não vou dar-te nenhum presente, pelo menos dos que estás habituada a receber. Eu quero encontrar-me contigo, amanhã de manhã.

-Ai quer? – indignou-se o Tomás, enrugando a testa fazendo evidenciar essa mesma indignação.

-Quero.

 

Qual será a resposta do Tomás? E qual será o interesse do seu pai neste encontro? Estar apenas com o seu filho, ou terá outros interesses?

sábado, 5 de janeiro de 2013

Nova Sondagem!

Olá! :)
Bem, fiz uma nova sondagem, acerca do novo ''visual'' do blog, por isso, espero as vossas respostas!
Beijinhos*
Mónica

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Capitulo 6 (parte I)


Oláa!
Bem, como já disse na última postagem, peço imensas desculpas por não postar há tanto tempo! Mas aqui está um novo capitulo! Não é dos melhores, mas como já mencionei, a inspiração resolveu aparecer há pouco tempo, e por isso não veio grande coisa :s Mas espero que gostem e deixem os vossos comentários, que são muito muito importantes para mim!

Beijinhos*
Mónica

 (tomás)

Não acordei muito tarde, mas a Catarina ainda dormia. Fiquei a olhá-la e reparei no fio de prata com a aliança, que estava em cima da mesa-de-cabeçeira, que estava do lado da cama onde ela estava. Passei o braço por cima do seu corpo, alcansando o fio. Ia usá-lo. Depois da explicação que a Catarina tinha dado, estava disposto a usá-lo. Era algo importante que ela queria que eu guardasse. Algo importante como eu era para ela, e ela para mim. Coloquei-o e fiquei a observar a aliança, na minha mão. Entretanto ela acordou.
-Bom dia - sorriu.
-Bom dia - respondi, sem deixar de contemplar a aliança.
-Vais usá-lo?
-Vou. Todos os dias - sorri, desta vez olhando para ela.
-Oh, tão lindo! - sorriu. Eu ri e dei-lhe um pequeno beijo.
Depois de nos levantarmos e vestirmos descemos até à cozinha, onde a minha mãe já nos esperava com um bom pequeno-almoço.
-Bom dia, mãe! - cumprimentei-a, dando-lhe um beijo na cara.
-Bom dia meninos! Então, chegaram muito tarde, ontem?
-Nem por isso - respondi.
-E divertiram-se?
-Muito - desta vez foi a Catarina a tomar a palavra, com um grande sorriso. Sorri também. Ela tinha gostado da noite.
-Estou a ver que se divertiram mesmo. Com esses sorrisos que têm na cara! - sorriu a minha mãe.
-Bem, mas agora eu estou é com fome, por isso, com licença! - disse eu, começando a servir-me.
Após o pequeno-almoço, eu e a Catarina fomos até ao atelier. Estive a mostrar-lhe mais algumas coisa que já tinha começado ou acabado. Ela ficou tão entretida a vê-las que quando olhei para ela tive a sensação de já estar em outro mundo... Decidi que teria de registar este pequeno momento, por isso fui buscar a minha máquina fotográfica e tirei-lhe uma fotografia. Pouco depois ela veio ter comigo.
-Tomás, posso pedir-te uma coisa?
-Claro!
-Deixas-me tocar na tua guitarra?
Fiquei surpreendido. Não sabia que ela tocava.
-Mas tu tocas?
-Toco.
-Agora fiquei curioso! Vai lá buscá-la!
-Obrigada! - sorriu.
-Na, nã! Isso paga-se! - brinquei, chamando- de novo até junto de mim. Ela veio e eu abracei-a pela cintura, dando-lhe depois um beijo. Depois soltei-a e ela foi buscar a guitarra, sentando-se em seguida no chão. Eu permaneci em pé, a alguns passos de distância dela, onde já permanecia desde que tirara a fotografia.
-Então e o que é que vais tocar? - perguntei.
-Hm... Discover for yourshelf! - sorriu- Eu ri.

Ela começou a dar os primeiros acordes e por aí descobri imediatamente qual era a música. Mas quando ela começou a cantar, aí arrepiei-me. Tinha uma namorada com uma voz fantástica e não sabia.

"Frio
O mar
Por entre o corpo
Fraco de lutar
Quente,
O chão
Onde te estendo
E te levo a razão.
Longa a noite
E só o sol
Quebra o silêncio,
Madrugada de cristal.
Leve, lento, nu, fiel
E este vento
Que te navega na pele.
Pede-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco mais...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.


Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu o perfume de ninguém.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu o perfume de ninguém.


Sangue,
Ardente,
Fermenta e torna aos
Dedos de papel.
Luz,
Dormente,
Suavemente pinta o teu rosto a
pincel.
Largo a espera,
E sigo o sul,
Perco a quimera
Meu anjo azul.
Fica, forte, sê amada,
Quero que saibas
Que ainda não te disse nada.
Pede-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco mais...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.


Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu o perfume de ninguém.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
se eu fosse um dia o respirar
E tu o perfume de ninguém."


http://www.youtube.com/watch?v=WAyk-NnFFcw )

-Então, o que é que achaste? - perguntou ansiosa.

-Precisas mesmo que diga alguma coisa?

-Preciso! – sorriu ansiosamente.

-Foi tipo… - torci o nariz, propositadamente – fantástico! – sorri. --Tens uma voz linda!

Ela desfez-se num enorme sorriso.

-Achas?

-Queres repetir para eu gravar e depois veres os ‘’likes’’ a aumentar no Facebook?

Ela deu uma gargalhada.

-Não! – respondeu.

-Mas então deixa-me tirar-te uma fotografia! – pedi.

-Para quê?

-Para recordar este momento!

-Oh, oh Tomás…

-Vá lá! Por favor!

-Não! – embirrou, mantendo um sorriso envergonhado, olhando para as cordas da guitarra. Eu aproveitei esse momento e carreguei no botão, tirando a fotografia.

-Ficou linda, obrigado! – sorri.

-Oh.

Consegui tirar mais algumas fotografias, com ela a reclamar, apesar do sorriso no rosto.

-Só mais uma! – pedi.

-Já chega! – sorriu.

-Vá lá, por favor, esta é a última, prometo!

-Prometes?

-Prometo!

-Está bem, pronto! Mas é a última!

-A última – proferi. Pus a máquina com o temporizador, coloquei-a num bom sítio e depois juntei-me à Catarina, para a fotografia. – Vês, não custou nada, sua resmungona!

-Resmungona?! – tentou parecer ofendida.

-Agora foste! Eram só umas fotografiazinhas!

-Hm-hm

-Oh, vá lá. Eu gosto muito de ti na mesma, está bem?

-Está bem…

Acabei por alcançar os seus lábios e prolongar um encostar dos mesmos num beijo simples mas demorado. Aproveitei a ocasião e tirei-nos uma fotografia, discretamente, com o meu telemóvel. Desta vez ela não se apercebeu.
A minha mãe bateu à porta. Esta já se encontrava aberta, mas ela bateu por respeito e para anunciar a sua presença de uma forma subtil.

-Meninos, desculpem estar a interrompê-los, mas o almoço já está na mesa.

-Não faz mal, mãe. Nós descemos já – respondi.

Ela retirou-se e depois de eu e a Catarina termos deixado a guitarra e a máquina fotográfica no meu quarto, descemos para almoçar.

-Então, está bom? – perguntou a minha mãe à Catarina, referindo-se à comida, ao que a Catarina respondeu afirmativamente.

-Mãe, hoje quem faz o jantar sou eu! – disse, lembrando-me de uma oferta que eu e a minha mãe outrora fizéramos à Catarina.

-Vais mostrar os teus dotes à namorada, é? – sorriu a minha mãe.

-É. Vou fazer o meu empadão de vegetais, para veres que é mesmo bom! – sorri à Catarina.

-Acredito que sim! Com tantos elogios que já te fizeram, só pode! – riu.

-Vais ver minha querida, o Tomás cozinha muito bem! – incentivou a minha mãe.

-Bem, com licença, mas eu preciso de ir à casa-de-banho – disse a Catarina.

-Está à vontade! – respondeu a minha mãe. A Catarina foi à casa-de-banho, e eu como já tínhamos terminado a refeição levantei-me da mesa e comecei a tirar os pratos da mesa. – Eu vi a última fotografia que tiraste… - comentou a minha mãe, tirando a voz ao silêncio presente.

-Ah…

-Estava bonita. Vocês ficam muito bem os dois. E gostam muito um do outro, eu consigo ver.

-Obrigado, mãe. E sim, gostamos mesmo um do outro. Tu sabes que eu não sou muito de namorar, a minha paixão sempre foi o desenho, tu sabes, mas, desde que a Catarina apareceu na minha vida que… Sabes que se eu não estivesse mesmo apaixonado não te pedia para ela passar este fim-de-semana cá em casa, não sabes?

-Eu sei filho, não te preocupes – sorriu e eu sorri-lhe em forma de agradecimento e continuei a levantar a mesa. – Que fio é esse? – perguntou, olhando para o fio que eu tinha ao pescoço, que tinha saído para fora da t-shirt que eu vestia. Eu levei a mão ao mesmo e segurei a aliança que nele pendia.

-Foi a Catarina que me deu, ontem à noite – respondi com um sorriso leve, sentando-me em frente da minha mãe. – Sabes o valor que isto tem para a ela? E não é um valor material, é um valor sentimental. É enorme, mãe. Isto foi uma recordação que a mãe dela lhe deixou. A mãe dela já faleceu. – Baixei um pouco o olhar, mas rapidamente voltei a erguê-lo para encarar novamente a minha mãe. – Eu não queria aceitar, mas ela quase que me obrigou! Ela disse que por ser tão importante para ela é que queria que eu ficasse com ele, porque eu também sou muito importante para ela… - contei, com um sorriso leve mas sentido.

-Sabes o que é que isso quer dizer? – não me deixou responder. – Que ela gosta de ti como tu gostas dela, e que em muito pouco tempo se tornaram ambos muito importantes um para o outro – sorriu-me, orgulhosa por proferir tais palavras. Eu sorri abertamente. Era exatamente o que eu sentia, e podia contar com o apoio e compreensão da minha mãe.